A saga dos jangadeiros alagoanos, uma jornada repleta de coragem e determinação, teve seu início nas águas do Porto de Jaraguá. Em uma manhã marcada por festividades e aclamações, a jangada “Independência” zarpou rumo ao sul, sob os olhares atentos e esperançosos de uma multidão que testemunhava um momento histórico. Comandada pelo mestre Umbelino José dos Santos, a embarcação singrou o oceano, armada apenas com a coragem e a habilidade náutica de seus tripulantes, sem qualquer aparelho de navegação.
Navegando Contra Todas as Probabilidades
A jornada dos jangadeiros foi um verdadeiro testemunho de resistência e bravura. Enfrentando adversidades climáticas e desafios inimagináveis, os pescadores perseveraram. Seu trajeto, marcado por temporais e paradas forçadas em portos ao longo da costa, não abalou seu espírito indomável. Cada etapa da viagem, desde a partida em Maceió até a chegada triunfal na Baía da Guanabara, foi um capítulo de resistência e habilidade, culminando em uma odisseia náutica de mais de 1.100 milhas em linha reta, equivalente a aproximadamente 10.000 milhas em ziguezague.
Recepção e Reconhecimento na Capital Federal
A chegada dos jangadeiros ao Rio de Janeiro foi um momento de celebração e reconhecimento. Recebidos pelo presidente da República, Arthur Bernardes, e homenageados em um evento especial no pavilhão de exposições das festas do Centenário, os pescadores alagoanos receberam o devido reconhecimento por seu feito extraordinário. A jangada “Independência”, um símbolo de coragem e determinação, foi oferecida ao Museu Histórico Nacional, eternizando a jornada desses bravos navegadores.
Legado e Memória: As Homenagens que Permanecem
Apesar de muitos dos símbolos materiais daquela épica viagem terem se perdido com o tempo, o legado dos jangadeiros alagoanos permanece vivo na memória e no coração do povo de Alagoas e do Brasil. A Rua Jangadeiros Alagoanos, na Pajuçara, e a Escola de Samba Jangadeiros Alagoanos são testemunhos vivos dessa incrível odisseia. Essas homenagens perpetuam a coragem, a resistência e o espírito intrépido desses homens do mar, cuja jornada será sempre lembrada como um dos capítulos mais inspiradores da história marítima brasileira.
Fontes: Histórias de Alagoas, Efemérides Alagoanas, de Moacir Medeiros de Sant’ana; jornais A Noite, O Paiz e Jornal do Recife.