Na Polícia Militar de Alagoas, histórias de lealdade e companheirismo entre animais e policiais refletem uma relação que vai muito além do trabalho. Cães e cavalos são integrantes essenciais das unidades especializadas como o Canil Tiradentes e o Regimento Montado Dom Pedro I (RPMon). Esses “guerreiros” de quatro patas, como Palhaço, Lua Clara e Radasha, conquistaram seu espaço na corporação e na memória de seus companheiros, dedicando-se ao serviço e protagonizando momentos marcantes. Conheça a trajetória desses animais, desde a seleção e treinamento até o momento da merecida aposentadoria.
Cavalaria da PM-AL: Tradição e Dedicação
O Regimento Montado Dom Pedro I, popularmente conhecido como Cavalaria da PM-AL, é responsável por patrulhar eventos, praças e áreas sensíveis, especialmente em missões de policiamento ostensivo. A unidade é pautada em um lema que exalta a tradição: “Sempre haverá uma Cavalaria”. Cada cavalo do plantel, ao nascer, recebe uma identificação numérica e um nome escolhido conforme o mês de nascimento. Com um trabalho que envolve cuidado e dedicação, a Cavalaria mantém um garanhão reprodutor, como o cavalo Hércules, da raça Brasileira de Hipismo (BH), e passa os jovens cavalos por processos de dessensibilização e doma, preparando-os para atuar com segurança em qualquer situação.
No quartel, a estrutura conta com áreas de alimentação e baias para cada um dos 73 animais da unidade. Cada cavalo recebe alimentação controlada e acompanhamento veterinário. O trabalho de ferradoria e manutenção da saúde dos cascos é feito por profissionais especializados, como o cabo Lucas Gonzaga, enquanto o cuidado preventivo e tratamentos veterinários são liderados pelo cabo Caio Raniele, que é formado em Medicina Veterinária.
Amizade entre Homem e Cavalo: O Caso de Palhaço
O vínculo criado entre os policiais e seus cavalos é notável. Um exemplo emblemático é a relação entre o sargento Cristiano de Lima e seu parceiro Palhaço, cavalo de número 196. Inicialmente visto como um animal arisco, Palhaço foi conquistado pelo sargento, que aceitou o desafio de treiná-lo. Com o tempo, a parceria se fortaleceu e o cavalo, antes inquieto, passou a responder exclusivamente ao comando do sargento. Em momentos de tensão, como no policiamento de eventos esportivos, Palhaço demonstrou sua lealdade ao permanecer ao lado do seu parceiro, mesmo em situações de perigo.
O sargento recorda com carinho o episódio em um clássico entre CSA e CRB, no estádio Rei Pelé, em que ambos foram alvos de pedras. Palhaço se destacou ao permanecer próximo do sargento mesmo após uma queda, o que consolidou o vínculo de lealdade entre eles.
O Ritual de Aposentadoria: O Tributo Final
Ao final de uma carreira média de 18 anos, os cavalos da PM recebem uma despedida honrosa: uma coroa feita com maçãs, cenouras e feno, celebrando os anos de serviço dedicados à corporação e à sociedade alagoana. Recentemente, a égua Lua Clara foi homenageada durante a comemoração dos 33 anos do Regimento, recebendo seu tributo de aposentadoria, momento em que pôde descansar após anos de trabalho.
Para muitos dos policiais da unidade, a aposentadoria dos animais é um momento emocionante, pois simboliza o fim de uma parceria construída ao longo de anos. E, como no caso de Palhaço, mesmo após a aposentadoria, muitos animais continuam convivendo com os policiais na Cavalaria, desfrutando de uma rotina tranquila ao lado de outros companheiros de jornada.
Canil Tiradentes: A Força dos Cães na PM-AL
Além dos cavalos, os cães do Canil Tiradentes também têm um papel fundamental nas operações da PM-AL. Raças como pastor-belga Malinois e pastor-alemão são treinadas para diversas atividades, incluindo detecção de drogas, buscas e resgates. Os cães passam por um rigoroso treinamento e convivem diariamente com seus condutores, formando parcerias sólidas.
Assim como na Cavalaria, os cães também têm seu momento de aposentadoria, sendo comumente adotados pelos próprios policiais ou encaminhados a novos lares. Essas histórias de dedicação mútua mostram a importância dos animais na segurança pública, mas também o forte vínculo emocional que se forma entre eles e os policiais.