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Do Sertão para o Mundo: o Legado Imortal de Graciliano Ramos para a Literatura Brasileira

No dia 27 de outubro de 1892, nascia em Quebrangulo, no interior de Alagoas, Graciliano Ramos de Oliveira, uma das vozes mais marcantes da literatura brasileira e um expoente do modernismo nacional. Sua obra, caracterizada pela análise crítica e realista da sociedade nordestina, não apenas trouxe visibilidade às agruras do sertão, mas também colocou o Nordeste no cenário literário mundial.

As raízes em Viçosa e o despertar literário

Apesar de nascido em Quebrangulo, Graciliano viveu boa parte de sua infância e juventude em Viçosa, onde o ambiente e as dificuldades da vida sertaneja influenciaram de maneira decisiva sua visão de mundo e sua produção literária. Essa fase crucial da formação do autor é explorada no livro Graciliano Ramos em Viçosa, escrito por Sidney Wanderley e Júlia Cunha, disponível na livraria da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. A obra revela as primeiras leituras, influências e experiências que moldaram o futuro escritor, oferecendo ao público um olhar intimista sobre o homem que viria a retratar com tanto rigor o cotidiano e as adversidades do sertanejo.

O escritor Xico de Sá, em seu prefácio ao livro, descreve Viçosa como a base essencial para o “velho Graça”: “o menino que se tornou o velho Graça tem sua substância fermentada em Viçosa, eternamente presente na arte e na existência”. Para Xico, a pesquisa de Wanderley representa uma “arqueologia poética” que revela os traços iniciais do autor e suas primeiras impressões sobre a condição humana e o cenário sertanejo, ampliando o entendimento de Graciliano como um símbolo literário.

A estreia literária e a denúncia social

Graciliano estreou na literatura com Caetés (1933), onde introduziu seu estilo marcante — uma narrativa direta, quase austera, que captura o desamparo e a crueza da vida sertaneja. No entanto, foi com Vidas Secas (1938) que ele se firmou como um dos maiores escritores brasileiros. A obra conta a trajetória de uma família de retirantes no sertão, exposta a fome e à injustiça, explorando com profundidade temas de opressão e luta pela sobrevivência. Vidas Secas é hoje considerada um clássico da literatura nacional, um retrato imortal das agruras da vida nordestina.

O legado de Graciliano Ramos na literatura brasileira

Graciliano Ramos encerrou sua carreira com Memórias do Cárcere (1953), uma obra autobiográfica que relata seu tempo na prisão durante o governo de Getúlio Vargas. No livro, o autor denuncia as condições desumanas enfrentadas pelos prisioneiros políticos, um testemunho de sua experiência pessoal e uma crítica ao autoritarismo. Embora inacabado, Memórias do Cárcere se tornou uma obra de referência, trazendo uma reflexão intensa sobre a opressão política e a resistência humana.

O legado de Graciliano Ramos ultrapassa as fronteiras do Brasil, tornando-se uma obra universal para debates sobre as condições sociais e humanas. Sua obra continua a inspirar leitores e escritores, reafirmando-se como um elo essencial para entender as particularidades do sertão nordestino e, por extensão, as complexidades da realidade brasileira

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