© Fernando Frazão/Agência Brasil

Economia do Mar: como o ecoturismo e a preservação dos manguezais podem impulsionar a economia em Alagoas

A transformação do trabalho de pescadores artesanais em guias de turismo ecológico está mostrando resultados impressionantes em Guapimirim e Magé, no Rio de Janeiro. Com a preservação dos manguezais na Baía de Guanabara, que têm sido palco de um turismo comunitário em crescimento, pescadores locais estão diversificando suas atividades e incrementando suas rendas. Este modelo de “Economia do Mar” já está consolidando o ecoturismo e a geração de renda em várias comunidades tradicionais no sudeste, e Alagoas, com uma vasta costa e ecossistemas marinhos diversificados, apresenta potencial para adotar essa abordagem em benefício de suas comunidades e do meio ambiente.

Conservação dos manguezais: uma oportunidade econômica

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os manguezais são berçários de biodiversidade, essenciais para a reprodução de espécies marinhas e importantes reservas de “carbono azul” — termo que se refere à capacidade desses ecossistemas de armazenar carbono e reduzir as mudanças climáticas. Em Alagoas, regiões como o Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba e áreas costeiras próximas a Maragogi e Piaçabuçu poderiam se beneficiar diretamente com iniciativas de turismo ecológico e conservação de manguezais.

Inspirando-se na experiência do Rio de Janeiro, onde comunidades estão usando o conhecimento tradicional para promover um turismo sustentável, Alagoas tem o potencial de inserir pescadores locais em atividades como passeios de caiaque, caminhadas ecológicas e visitas guiadas aos mangues, práticas que podem se tornar atrativos turísticos, além de preservar o ecossistema costeiro.

Turismo de base comunitária: geração de renda e valorização cultural

blank
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O conceito de turismo de base comunitária, promovido por lideranças locais do Rio de Janeiro como Lucimar Machado, oferece uma experiência autêntica, que valoriza o conhecimento e os recursos locais. Em Alagoas, pescadores e artesãos de diversas comunidades poderiam liderar essas atividades, oferecendo aos visitantes a oportunidade de conhecer o trabalho tradicional da pesca artesanal, a coleta de caranguejos e até a produção de artesanato feito com materiais naturais.

Além disso, iniciativas de ecoturismo e a venda de produtos típicos, como o artesanato de conchas e escamas de peixe, podem proporcionar uma renda extra para muitas famílias. Projetos dessa natureza também ajudam a desmistificar estigmas comuns sobre os manguezais, vistas muitas vezes como áreas “sujas” ou “abandonadas”.

Bioeconomia e crédito de carbono: o valor dos manguezais alagoanos

Assim como a Baía de Guanabara, os manguezais alagoanos poderiam participar de um mercado global em expansão: o mercado de créditos de carbono. Esse mecanismo permite que grandes poluidores compensem suas emissões de gases de efeito estufa ao investir em projetos que capturam carbono, como a preservação e o reflorestamento de manguezais.

O potencial econômico desses créditos é vasto: estudo da ONG Guardiões do Mar, que atua no Rio de Janeiro, estimou que a preservação dos manguezais brasileiros poderia injetar bilhões na economia. Se Alagoas participar desse mercado, os recursos poderiam ser investidos em projetos socioambientais para as comunidades locais, ajudando-as a desenvolver infraestrutura de turismo ecológico e aprimorar as técnicas de conservação e recuperação dos manguezais.

Educação ambiental e fortalecimento da consciência ecológica

A experiência de Guapimirim e Magé também destaca a importância de educar o público sobre a relevância dos manguezais. Em Alagoas, a implementação de programas de educação ambiental voltados ao turismo seria fundamental para sensibilizar tanto a população local quanto os turistas sobre a importância de não poluir essas áreas e de cuidar dos resíduos para evitar que sejam carregados para os rios e praias.

Parcerias com escolas, universidades e ONGs alagoanas podem enriquecer esse processo, promovendo eventos de conscientização e educação ecológica, além de oferecer capacitação para as comunidades locais interessadas em adotar o ecoturismo como fonte de renda.

Economia do Mar e Meio Ambiente se complementam

A preservação e o uso sustentável dos manguezais de Alagoas oferecem um caminho promissor para o desenvolvimento socioeconômico da região, assim como para a conservação de ecossistemas fundamentais para a biodiversidade e o equilíbrio climático. Inspirado nos exemplos do Rio de Janeiro, o estado de Alagoas pode transformar a “Economia do Mar” em uma estratégia viável e sustentável, que valoriza a cultura local, gera novas oportunidades de renda e contribui para um futuro ambientalmente responsável.

Com uma política bem planejada e o engajamento das comunidades locais, Alagoas tem o potencial de se tornar referência em ecoturismo e preservação dos manguezais no Brasil. Esse modelo pode ser o primeiro passo de uma caminhada sustentável, onde os conhecimentos tradicionais, aliados à ciência, abrem novas perspectivas para a economia e o meio ambiente do estado

Com informações da Agência Brasil

About Marcelo Barros

blank

Check Also

blank

Marinha do Brasil capacita 32 novos marinheiros de convés em Alagoas, incluindo duas mulheres

Com uma demanda crescente por embarcações de transporte de passageiros, a Capitania dos Portos de …