Marcelo Barros

UMA JORNADA HISTÓRICA PELA AMAZÔNIA

Domínio Público

No ano de 2024, completam-se 110 anos da expedição científica Roosevelt-Rondon, uma das mais notáveis jornadas de exploração na história brasileira. Em 1914, o então Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon liderou a comitiva brasileira, em parceria com o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt. O interesse de Roosevelt pela Amazônia surgiu em 1913, durante suas conferências na América do Sul, culminando na incursão pela floresta para estudos geográficos e de história natural.

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Preparativos e Desafios Iniciais

Rondon foi designado pelo Ministério da Guerra devido à sua vasta experiência nos sertões brasileiros, especialmente com a Comissão de Construção de Linhas Telegráficas. A expedição científica tinha como objetivo estudar a fauna e a flora da Amazônia, coletando exemplares para o American Museum of Natural History de Nova Iorque. A equipe de Roosevelt incluía naturalistas renomados como Cherrie e Leo E. Miller, seu secretário Frank Hasper, um enfermeiro Jacob Sigg, e o explorador polar Anthony Fiala. O filho de Roosevelt, Kermit, juntou-se à expedição no sul do Brasil.

Roteiro e Exploração do Rio da Dúvida

Domínio público

Partindo de Corumbá em 12 de dezembro de 1913, a expedição percorreu as bacias do Paraguai e do Amazonas, chegando ao enigmático Rio da Dúvida. Este rio foi escolhido por Roosevelt devido às dificuldades esperadas em sua navegação. Rondon, acompanhado por uma equipe de elite de astrônomos, geógrafos, botânicos e zoologistas, conduziu um levantamento inédito das riquezas naturais da Amazônia.

Durante a expedição, a interação amistosa de Rondon com os indígenas impressionou a comitiva norte-americana. Rondon, descendente de indígenas Terenas, adotava uma abordagem humanista e positivista, o que facilitou a pacificação e o relacionamento fraterno com os povos tradicionais.

Desafios e Superações

Imagem: HBO/Divulgação

A jornada foi repleta de desafios. Ataques incessantes de mosquitos, animais peçonhentos, chuvas torrenciais, doenças tropicais e calor extremo testaram a resiliência dos expedicionários. A seleção dos homens que acompanhariam Rondon foi dificultada pelo receio dos perigos do bioma amazônico. Em Tapirapuã, Mato Grosso, a expedição seguiu por terra até o tributário do Rio Tapajós, enfrentando terrenos escorregadios e um sol inclemente.

Em 25 de fevereiro de 1914, a expedição alcançou o Rio da Dúvida, explorando-o com apenas sete canoas. As corredeiras e cachoeiras traiçoeiras resultaram na perda de um dos canoeiros brasileiros e quase vitimaram fatalmente Kermit Roosevelt. As condições adversas, incluindo a doença do ex-presidente Roosevelt, que contraiu erisipela, e os casos de disenteria e malária entre a comitiva, foram superadas graças à liderança e medidas de suporte de Rondon.

Legado da Expedição

Após 59 dias, a expedição percorreu 686.360 metros, dos quais 276.000 metros foram extremamente hostis, exigindo 48 dias de luta contínua contra a fadiga. Ao todo, foram cinco meses de expedição, que resultaram em um conhecimento mais aprofundado da bacia do Amazonas, contato com diversas tribos indígenas e a coleta de milhares de espécimes para o museu de Nova Iorque.

A expedição foi oficialmente encerrada em 30 de abril de 1914, em Belém do Pará, com uma cerimônia onde foram hasteadas as bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos. Roosevelt elogiou a bravura e o patriotismo dos brasileiros, sob a liderança de Rondon. O Rio da Dúvida foi renomeado para Rio Roosevelt em 19 de abril de 1914, selando a amizade e a admiração mútua entre o ex-presidente norte-americano e o patrono da Arma de Comunicações do Brasil.

Referências

SILVA, Major Anderson Fidélis José da. Os 110 anos da Expedição Científica Roosevelt-Rondon. Eblog, [s.l.], 22 maio 2024. Disponível em: https://eblog.eb.mil.br/w/os-110-anos-da-expedição-científica-roosevelt-rondon. Acesso em: 23 maio 2024.

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